O uso de anticoncepcionais hormonais orais é o método mais difundido de contracepção usado no mundo. As pílulas são consideradas um método reversível (ou seja, a mulher recupera a fertilidade ao deixar de usá-lo) muito eficaz e o mais efetivo dentre as medidas medicamentosas. Os anticoncepcionais orais podem ser combinações dos hormônios estrógeno + progestágenos, ou constituídos apenas de progestágeno (minipílula - recomendada para mulheres durante a amamentação).
Os anticoncepcionais orais combinados (ACOs) funcionam através de três principais mecanismos de ação. Após serem ingeridos, são absorvidos no intestino e passam para a corrente sanguínea. Através do sangue, circulam e chegam à hipófise (glândula responsável pela liberação dos hormônios LH e FSH que atuam nos órgãos reprodutores) e aos ovários, atuando nessas glândulas como análogos dos hormônios estrógeno e progesterona, impedindo a ovulação. Além disso, fazem com que o muco do colo uterino (muco cervical) torne-se mais espesso, de forma a impedir a passagem dos espermatozóides. O terceiro mecanismo de ação consiste em evitar que o endométrio (revestimento interno do útero) esteja adequadamente preparado para a gravidez.
Os comprimidos combinados contêm estrogênio e progestogênio associados. Essas pílulas são classificadas, basicamente, conforme a dose do análogo do estrogênio, o etinilestradiol. Existem aquelas de baixa dose, ou seja, contêm 0,02 - 0,03 mg (20 a 30 mcg) de etinilestradiol e as de alta dose que possuem 0,05 mg (50 mcg) de etinilestradiol. O progestágeno das pílulas pode variar entre o levonorgestrel, o gestodene, o desogestrel ou o acetato de ciproterona.
Quando comparamos as pílulas com doses mais elevadas de estrogênio e os contraceptivos orais contendo 20 mcg de etinilestradiol (aqueles de menor dosagem) temos que a eficácia contraceptiva parece ser semelhante, mas os dados clínicos para essa afirmação ainda são limitados. Quando tomados corretamente, ACOs são uma forma muito eficaz de contracepção. Embora a taxa teórica de falha seja de 0,1%, a taxa real de falha é de 8%, devido, principalmente, ao esquecimento de retomar a pílula após o intervalo de sete dias e a ingestão da pílula fora do horário diário de uso.
Sangramentos durante o uso do ACO com 20 mcg de etinilestradiol podem ser mais comuns quando comparamos com pílulas de dose mais elevada. Em uma revisão sistemática, muitos dos ensaios clínicos que compararam os contraceptivos orais (contendo diferentes tipos de progesterona) não esclareceram se a maior freqüência de sangramento é devido a menor dose de estrogênio ou ao uso dos diferentes tipos de progesterona.
Existem vários tipos de pílulas combinadas. Pílulas monofásicas, por exemplo, contêm a mesma dose e composição de estrogênio e progesterona em cada uma das 21 pílulas hormonais ativas. Para algumas marcas, as embalagens contêm, além das pílulas ativas, 6 ou 7 de placebo (“comprimidos de farinha”) para completar 28 comprimidos na cartela . Outras preparações, como as bifásicas e trifásicas, foram introduzidas como uma tentativa de reduzir ainda mais a dose total dos hormônios esteróides e seus efeitos secundários. Preparações trifásicas, por exemplo, contêm três tipos de comprimidos ativos, de diferentes cores, com os mesmos hormônios em proporções diferentes nos 21 dias. Essa variação tenta imitar as variações hormonais do ciclo normal. Embora esses regimes multifásicos tenham diminuído um pouco o conteúdo total de hormônios ao longo do mês, eles não têm vantagem comprovada sobre os preparativos clínicos monofásicos.
Na realidade, os anticoncepcionais combinados são semelhantes entre si, ou seja, apresentam segurança e eficácia parecidas. Portanto, procure o seu médico ginecologista, ele será capaz de escolher o anticoncepcional ideal para você.
Na tabela informativa abaixo temos alguns dos anticoncepcionais vendidos no Brasil com suas respectivas doses de estrógeno e progestágenos:
COMPOSIÇÃO | NOME COMERCIAL | APRESENTAÇÃO/TIPO |
Etinil-estradiol 0,03mg+levonorgestrel 0,15mg | Microvlar Nordette Levordiol Ciclo 21 Normamor Levogen | 21 pílulas ativas Monofásica |
Etinil-estradiol 0,035mg+acetato de ciproterona 2mg | Diane 35 Selena | 21 pílulas ativas Monofásica |
Etinil-estradiol 0,02mg+gestodeno 0,075mg | Femiane Harmonet Diminut Gestrelan Micropi | 21 pílulas ativas Monofásica |
Etinil-estradiol 0,02mg+desogestrel 0,15mg | Mercilon Femina | 21 pílulas ativas Monofásica |
Etinil-estradiol 0,04mg/0,03mg+desogestrel 0,025mg/0,125mg | Gracial | 22 pílulas ativas EE 0,04mg+desogestrel 0,025mg - 7 comp EE 0,03 mg+ desogestrel 0,125mg - 15 comp Bifásica |
Etinil-estradiol 0,03mg/0,04mg/0,03mg + levonorgestrel 0,05mg/0,075mg/0,125mg | Trinordiol Triquilar | 21 pílulas ativas EE 0,03mg+ LNg 0,05mg -6comp EE 0,04mg+LNg 0,075mg-5comp EE 0,03mg+LNg0 ,125mg - 10comp Trifásica |
Referências:
Kathryn A Martin, MD et al.“Overview of the use of estrogen-progestin contraceptives”
Last literature review version 19.2: Maio 2011 | This topic last updated: Maio 26, 2011
http://www.anticoncepcao.org.br/html/manual/manual.htm
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