A creatinoquinase (CK) é uma enzima que desempenha um importante papel na geração de energia para o metabolismo muscular. Ela está presente, principalmente, no tecido muscular estriado esquelético (por exemplo: face, língua, perna, braço) e no tecido cardíaco (o músculo do coração), mas também é encontrada, em menor atividade (quantidade), no cérebro, no trato grastrointestinal e na bexiga urinária.
A CK é um dímero composto de duas subunidades: B (que vem de Brain ou cérebro em inglês) e M (que vem de Muscle ou músculo em inglês). Dessa forma, existem três diferentes pares de subunidades para ela: CKBB, CKMM e CKMB. Essa denominação indica, também, a sua distribuição pelo corpo, ou seja, a CKBB está presente, principalmente, no cérebro, a CKMB está presente, principalmente, no coração e a CKMM está presente, principalmente, nos músculos esqueléticos. Além dessas, existem outras subunidades da enzima CK que não serão discutidas aqui.
A CK total, então, é a soma de todas as subunidades CK (CKBB + CKMB + CKMM). Sua atividade no sangue se encontra elevada em quase todos os tipos de alterações musculares: todos os tipos de distrofia muscular, na hipertermia maligna (febre ocasionada pela administração de anestesia por inalação), no exercício e trauma muscular, na rabdomiólise aguda (destruição muscular), injeções intramusculares, intervenções cirúrgicas, miocardite (inflamação de um dos músculos do coração) e infarto agudo do miocárdio (IAM), entre outros.
A CKMB é considerada o marcador bioquímico de referência para o diagnóstico do infarto agudo do miocárdio. Isso é devido a sua localização, correspondendo a 22% da CK total no músculo cardíaco. No IAM, a CKMB se eleva em 4 a 6 horas após o início da dor no peito e atinge a concentração máxima no sangue em 24 horas. É, portanto, a primeira enzima a se elevar.
É possível calcular um “Índice Relativo” para tentar aumentar a especificidade cardíaca da CKMB. Esse índice permite verificar, em termos percentuais, a elevação da CKMB em relação à CK total. Quando a relação é inferior a 5% indica lesão da musculatura esquelética; se superior a 5% indica comprometimento da musculatura cardíaca e acima de 25% indica possível interferência de outras isoenzimas (ou seja, é inconclusivo). Esse cálculo é feito e avaliado pelo próprio médico.
Porém, é importante ressaltar que existem outras causas para a elevação da CKMB, não associadas ao IAM (por exemplo, alguns medicamentos, insuficiência renal crônica e alcoolismo crônico). Dessa forma, a conclusão final se dará pelo médico através da avaliação do estado clínico do paciente e de outros exames clínicos e laboratoriais específicos.
- BAPTISTA, J. M. A. Apostila ENZIMOLOGIA CLÍNICA. Faculdade de Farmácia da UFMG, Depto Análises Clínicas e Toxicológicas – Bioquímica Clínica II. Belo Horizonte, Brasil, 2004.
- BURTIS, C., ASHWOOD, E., BRUNS, David. TIETZ - FUNDAMENTOS DE QUÍMICA CLÍNICA. Sexta edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 984p.
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