“Já ouvi boatos que o fator de proteção solar de um bloqueador solar, a partir do fator 30 (por exemplo, fps 50 ou 100), pouco influencia no aumento da proteção. É verdade?”
O Fator de Proteção Solar, abreviado como FPS, representa a eficácia do protetor solar em impedir um processo de eritema na pele. Eritema é o quadro de vermelhidão da pele causada pela exposição ao sol e, nesse caso, indica que uma queimadura está perto de acontecer.
Então do que os protetores nos protegem? Seria simples responder: irradiação solar. Porém há três tipos de irradiação, UVA, UVB e UVC.
- A UVC é a com maior potencial para causar eritema, mas devido à camada de ozônio que envolve o planeta essa irradiação não chega até nós.
- A UVB tem menor potencial de lesar a pele que a UVC, porém como não é totalmente bloqueada pela camada de ozônio, é a principal responsável pelos vermelhidões e queimaduras. A grande parte dos protetores solares comercializados protegem contra esse tipo de irradiação.
- A UVA tem baixo potencial para causar queimaduras, entretanto é o tipo de irradiação que mais causa câncer de pele e envelhecimento cutâneo devido à capacidade de penetrar mais na pele.
Como o valor de FPS é dado em relação a possíveis vermelhidões, essa capacidade de proteção é apenas contra irradiação UVB, sendo necessário, também, a aplicação de protetores solares para irradiação UVA.
Para entender o que os valores de FPS 25, 50, 100 quer dizer vamos usar um exemplo. Uma pessoa está no verão às 9h da manhã ao sol e sem protetor solar. Nessas condições, ela demora 20 minutos para desenvolver eritema. Agora, essa mesma pessoa está no verão 9h da manhã ao sol com protetor solar FPS 15 aplicado de forma correta. Com isso ela poderá ficar, teoricamente, exposta ao sol por 300 minutos, pois 20 minutos sem proteção vezes o fator 15 é igual a 300 minutos (20 x 15 = 300). Conclui-se assim que não é apenas o valor de FPS que importa, a proteção solar depende de diversos outros fatores, como explicaremos abaixo.
A conta acima é colocada de forma téorica, porque se uma pessoa sem proteção demorou 20 minutos para ter vermelhidão uma certa vez, não quer dizer que sempre vai demorar os 20 minutos. Vai depender da resistência individual a ter eritemas, da estação do ano, das condições climáticas no dia da aplicação e da quantidade de protetor aplicado, por exemplo.
Agora que se entende o que é FPS, do que ele protege e o que seus valores querem dizer, pode-se discutir sua efetividade. Estudos mostram que protetores solares FPS 25 protegem a pele contra 96% das irradiações UVB, enquanto que FPS 50, 98%; desde que aplicados na quantidade correta. A forma correta seria 2 miligramas de protetor por 1 centímetro quadrado de área corporal, uma proporção extremamente difícil de explicar ao usuário e desse de seconseguir reproduzir.. Para se ter uma ideia, normalmente, as pessoas aplicam de 0,5 a 1,5 miligramas, assim a proteção obtida é de 20 a 50 % menor que o esperado.
Ou seja, uma vez que FPS superiores a 25 não trazem grandes benefícios quando comparados ao FPS 25 e, ainda, devido ao fato dos protetores não serem aplicados corretamente, torna-se complicado dizer que o tempo de proteção devido ao FPS 50 é muito superior ao FPS 25 no dia-a-dia. Aliado a estes dois pontos há também que a ANVISA não obriga indústrias brasileiras a realizarem o teste de FPS in vivo, permitindo as empresas estipular estes valores aleatoriamente ou por testes in vitro. Os testes in vitro resultam em valores de FPS que podem chegar a ser três vezes menor do que quando o teste é realizado in vivo.
Portanto, diante das colocações acima e considerando que o aumento do FPS indica aumento relevante no preço, ao se realizar uma análise de custo-benefício uma sugestão seria usar protetores solares FPS 25 ou FPS 30 reaplicados a cada uma hora ou, no máximo, duas horas. Uma vez que, independente do valor de FPS escolhido, indica-se reaplicações, no máximo, a cada duas horas.
É muito recomendado uma consulta ao dermatologista para averiguar se sua pele precisa de cuidados especiais. Caso ele indique um tratamento diferente procure saber com o próprio médico ou com o farmacêutico a quantidade adequada a se passar para obter os resultados desejados de proteção solar.
Quanto ao uso de protetores solares de qualquer FPS deve-se ter alguns cuidados:
a) Espere 20 minutos após a aplicação do protetor para se expor ao sol ou entrar na água.
b) Por mais que se afirme que o protetor não sai na água, o contato com ela reduz o tempo de proteção, assim é importante reaplicar o protetor após banhos em piscina, mar ou chuveiro.
c) Mesmo não entrando em contato com água deve-se reaplicar o protetor em intervalos de 1 a 2 horas, independente dos cálculos de FPS indicarem um intervalo maior de tempo.
d) Evitar se expor ao sol entre 10h e 16h pois é quando a irradiação solar tem o maior potencial para causar mais danos a pele.
REFERÊNCIAS
O Fator de Proteção Solar, abreviado como FPS, representa a eficácia do protetor solar em impedir um processo de eritema na pele. Eritema é o quadro de vermelhidão da pele causada pela exposição ao sol e, nesse caso, indica que uma queimadura está perto de acontecer.
Então do que os protetores nos protegem? Seria simples responder: irradiação solar. Porém há três tipos de irradiação, UVA, UVB e UVC.
- A UVC é a com maior potencial para causar eritema, mas devido à camada de ozônio que envolve o planeta essa irradiação não chega até nós.
- A UVB tem menor potencial de lesar a pele que a UVC, porém como não é totalmente bloqueada pela camada de ozônio, é a principal responsável pelos vermelhidões e queimaduras. A grande parte dos protetores solares comercializados protegem contra esse tipo de irradiação.
- A UVA tem baixo potencial para causar queimaduras, entretanto é o tipo de irradiação que mais causa câncer de pele e envelhecimento cutâneo devido à capacidade de penetrar mais na pele.
Como o valor de FPS é dado em relação a possíveis vermelhidões, essa capacidade de proteção é apenas contra irradiação UVB, sendo necessário, também, a aplicação de protetores solares para irradiação UVA.
Para entender o que os valores de FPS 25, 50, 100 quer dizer vamos usar um exemplo. Uma pessoa está no verão às 9h da manhã ao sol e sem protetor solar. Nessas condições, ela demora 20 minutos para desenvolver eritema. Agora, essa mesma pessoa está no verão 9h da manhã ao sol com protetor solar FPS 15 aplicado de forma correta. Com isso ela poderá ficar, teoricamente, exposta ao sol por 300 minutos, pois 20 minutos sem proteção vezes o fator 15 é igual a 300 minutos (20 x 15 = 300). Conclui-se assim que não é apenas o valor de FPS que importa, a proteção solar depende de diversos outros fatores, como explicaremos abaixo.
A conta acima é colocada de forma téorica, porque se uma pessoa sem proteção demorou 20 minutos para ter vermelhidão uma certa vez, não quer dizer que sempre vai demorar os 20 minutos. Vai depender da resistência individual a ter eritemas, da estação do ano, das condições climáticas no dia da aplicação e da quantidade de protetor aplicado, por exemplo.
Agora que se entende o que é FPS, do que ele protege e o que seus valores querem dizer, pode-se discutir sua efetividade. Estudos mostram que protetores solares FPS 25 protegem a pele contra 96% das irradiações UVB, enquanto que FPS 50, 98%; desde que aplicados na quantidade correta. A forma correta seria 2 miligramas de protetor por 1 centímetro quadrado de área corporal, uma proporção extremamente difícil de explicar ao usuário e desse de seconseguir reproduzir.. Para se ter uma ideia, normalmente, as pessoas aplicam de 0,5 a 1,5 miligramas, assim a proteção obtida é de 20 a 50 % menor que o esperado.
Ou seja, uma vez que FPS superiores a 25 não trazem grandes benefícios quando comparados ao FPS 25 e, ainda, devido ao fato dos protetores não serem aplicados corretamente, torna-se complicado dizer que o tempo de proteção devido ao FPS 50 é muito superior ao FPS 25 no dia-a-dia. Aliado a estes dois pontos há também que a ANVISA não obriga indústrias brasileiras a realizarem o teste de FPS in vivo, permitindo as empresas estipular estes valores aleatoriamente ou por testes in vitro. Os testes in vitro resultam em valores de FPS que podem chegar a ser três vezes menor do que quando o teste é realizado in vivo.
Portanto, diante das colocações acima e considerando que o aumento do FPS indica aumento relevante no preço, ao se realizar uma análise de custo-benefício uma sugestão seria usar protetores solares FPS 25 ou FPS 30 reaplicados a cada uma hora ou, no máximo, duas horas. Uma vez que, independente do valor de FPS escolhido, indica-se reaplicações, no máximo, a cada duas horas.
É muito recomendado uma consulta ao dermatologista para averiguar se sua pele precisa de cuidados especiais. Caso ele indique um tratamento diferente procure saber com o próprio médico ou com o farmacêutico a quantidade adequada a se passar para obter os resultados desejados de proteção solar.
Quanto ao uso de protetores solares de qualquer FPS deve-se ter alguns cuidados:
a) Espere 20 minutos após a aplicação do protetor para se expor ao sol ou entrar na água.
b) Por mais que se afirme que o protetor não sai na água, o contato com ela reduz o tempo de proteção, assim é importante reaplicar o protetor após banhos em piscina, mar ou chuveiro.
c) Mesmo não entrando em contato com água deve-se reaplicar o protetor em intervalos de 1 a 2 horas, independente dos cálculos de FPS indicarem um intervalo maior de tempo.
d) Evitar se expor ao sol entre 10h e 16h pois é quando a irradiação solar tem o maior potencial para causar mais danos a pele.
REFERÊNCIAS
- ARAUJO, T. S. de e SOUZA, S. O. de. Protetores solares e os efeitos da radiação ultravioleta. Disponível em: http://www.scientiaplena.org.br/sp_v4_114807.pdf
- Autier, P., Boniol, M., Severi, G., Doré, J.-F. and For The European Organization For Research And Treatment Of Cancer Melanoma Co-Operative Group (2001), Quantity of sunscreen used by European students. British Journal of Dermatology, 144: 288–291.
- BERGOLD, A.M.; PONZIO, H.A.; CAMARGO, L.N.; RIBEIRO, M.H.; DIAS, M.C.; SARTORI, V.L.G.. Variação do fator de proteção solar (f.p.s.) de acordo com a técnica de preparação de fotoprotetores tópicos. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/19318/000264159.pdf?sequence=1
- DIFFEY, B. Sunscreen isn’t enough. Journal of Photochemistry and Photobiology B: Biology, v. 64, p. 105-108, 2001.
- FLOR, J. e DAVOLOS, M.R.. Protetores Solares. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/qn/v30n1/26.pdf
- MILESI, S.S. e GUTERRES, S.S.. Fatores determinantes da eficácia de fotoprotetores. Disponível em: http://www.ufrgs.br/farmacia/cadfar/v18n2/pdf/CdF_v18_n2_p81_88_2002.pdf
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