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Cosméticos para o cuidado específico da área dos olhos

Produtos destinados para embelezar, perfumar, limpar e rituais associando diversas composições existem desde o início da civilização, porém a preocupação em disponibilizar produtos seguros, com qualidade e eficientes aos consumidores é muito recente! Organizações sanitárias, como a ANVISA - que também regula medicamentos e suplementos alimentares - no Brasil, e o FDA nos Estados Unidos, controlam esse setor que cresce a ritmo acelerado, muito impulsionado pela industrialização e desenvolvimento técnico-científico das matérias-primas e ingredientes ativos.  

A pele tem por função principal, proteger o organismo das agressões ambientais. O tecido cutâneo, representado por diversas camadas (estrato córneo, epiderme, derme e tecido subcutâneo) está associado à água, gordura, proteínas estruturais, além de vasos sanguíneos e sistema de defesa para regular a integridade, elasticidade e até a temperatura da pele. Diferenças fisiológicas entre o que essas camadas apresentam em relação à todos os indivíduos, resulta no que conhecemos como pele seca, oleosa, mista, sensível ou hiper reativa, bem como sujeita à se manchar ou envelhecer.

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A pele da região ocular, por exemplo, apresenta menor espessura quando comparada às outras áreas. É por isso que nessa área, os primeiros sinais de envelhecimento como rugas, olheiras e bolsas, aparecem. É uma área extremamente delicada, fina e com pouco gordura subcutânea. A dúvida recebida questiona se produtos antissinais podem causar ardência, vermelhidão, lacrimejamento e sensibilidade na área dos olhos.
Produtos que apresentam filtros solares químicos deixam o consumidor mais suscetíveis para apresentar reações alérgicas na área próxima aos olhos. Portanto escolha opções com filtros físicos, e nunca abra mão do óculos de sol - são eles que realmente protegem contra ação danosa dos raios ultravioleta. De maneira contrária - isto é, para reduzir manifestações adversas, dimethicone, é um ingrediente adicionado à produtos limpadores para reduzir a irritação ocular.

Os cosméticos para área dos olhos prometem recuperar a aparência jovial através da melhora da hidratação, da manutenção fisiológica para produzir colágeno e elastina (proteínas estruturais que ajudam na sustentação e flexibilidade) bem como recuperar a fragilidade vascular, o que provoca olheiras e bolsas.

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Maquiagem para a área dos olhos, tais como as máscaras para cílios, sombras ou delineadores, apresentam fórmula específica. As máscaras, por exemplo, precisam evaporar a quantidade de água rapidamente, e as que são identificadas como “resistente à água, apresentam alta carga de ceras.

Para produtos específicos, seja cosméticos ou maquiagens, para a área dos olhos, o mais importante é avaliar no rótulo os testes de segurança que identificam que o produto foi testado oftalmologicamente, além de ser hipoalergênico (ter capacidade reduzida de causar alergia) e dermatologicamente aprovado. A procedência do produto é outro fator crucial. Cuide bem da “janela da alma”! Faça consulta periódica com seu oftalmologista e antes de aplicar um produto próximo a área ocular, faça um teste se terá alergia em outra região do corpo.

Referências:
1- André O. Barel, Marc Paye & Howard I Maibach. Handook of Cosmetic Science and Technology. 3rd Ed. 2009.
2 - Fatemeh Ahmadraji &Mohammad Ali Shatalebi. Evaluation of the clinical efficacy and safety of an eye counter pad containing caffeine and vitamin K in emulsified Emu oil base. Adv Biomed Res. 10.  2015. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4300604/

O que é o FPS do filtro solar?


“Já ouvi boatos que o fator de proteção solar de um bloqueador solar, a partir do fator 30 (por exemplo, fps 50 ou 100), pouco influencia no aumento da proteção. É verdade?”

O Fator de Proteção Solar, abreviado como FPS, representa a eficácia do protetor solar em impedir um processo de eritema na pele. Eritema é o quadro de vermelhidão da pele causada pela exposição ao sol e, nesse caso, indica que uma queimadura está perto de acontecer.


Então do que os protetores nos protegem? Seria simples responder: irradiação solar. Porém há três tipos de irradiação, UVA, UVB e UVC.
- A UVC é a com maior potencial para causar eritema, mas devido à camada de ozônio que envolve o planeta essa irradiação não chega até nós.
- A UVB tem menor potencial de lesar a pele que a UVC, porém como não é totalmente bloqueada pela camada de ozônio, é a principal responsável pelos vermelhidões e queimaduras. A grande parte dos protetores solares comercializados protegem contra esse tipo de irradiação.
- A UVA tem baixo potencial para causar queimaduras, entretanto é o tipo de irradiação que mais causa câncer de pele e envelhecimento cutâneo devido à capacidade de penetrar mais na pele.

Como o valor de FPS é dado em relação a possíveis vermelhidões, essa capacidade de proteção é apenas contra irradiação UVB, sendo necessário, também, a aplicação de protetores solares para irradiação UVA.

Para entender o que os valores de FPS 25, 50, 100 quer dizer vamos usar um exemplo. Uma pessoa está no verão às 9h da manhã ao sol e sem protetor solar. Nessas condições, ela demora 20 minutos para desenvolver eritema. Agora, essa mesma pessoa está no verão 9h da manhã ao sol com protetor solar FPS 15 aplicado de forma correta. Com isso ela poderá ficar, teoricamente, exposta ao sol por 300 minutos, pois 20 minutos sem proteção vezes o fator 15 é igual a 300 minutos (20 x 15 = 300). Conclui-se assim que não é apenas o valor de FPS que importa, a proteção solar depende de diversos outros fatores, como explicaremos abaixo.

A conta acima é colocada de forma téorica, porque se uma pessoa sem proteção demorou 20 minutos para ter vermelhidão uma certa vez, não quer dizer que sempre vai demorar os 20 minutos. Vai depender da resistência individual a ter eritemas, da estação do ano, das condições climáticas no dia da aplicação e da quantidade de protetor aplicado, por exemplo.

Agora que se entende o que é FPS, do que ele protege e o que seus valores querem dizer, pode-se discutir sua efetividade. Estudos mostram que protetores solares FPS 25 protegem a pele contra 96% das irradiações UVB, enquanto que FPS 50, 98%; desde que aplicados na quantidade correta. A forma correta seria 2 miligramas de protetor por 1 centímetro quadrado de área corporal, uma proporção extremamente difícil de explicar ao usuário e desse de seconseguir reproduzir.. Para se ter uma ideia, normalmente, as pessoas aplicam de 0,5 a 1,5 miligramas, assim a proteção obtida é de 20 a 50 % menor que o esperado.

Ou seja, uma vez que FPS superiores a 25 não trazem grandes benefícios quando comparados ao FPS 25 e, ainda, devido ao fato dos protetores não serem aplicados corretamente, torna-se complicado dizer que o tempo de proteção devido ao FPS 50 é muito superior ao FPS 25 no dia-a-dia. Aliado a estes dois pontos há também que a ANVISA não obriga indústrias brasileiras a realizarem o teste de FPS in vivo, permitindo as empresas estipular estes valores aleatoriamente ou por testes in vitro. Os testes in vitro resultam em valores de FPS que podem chegar a ser três vezes menor do que quando o teste é realizado in vivo.

Portanto, diante das colocações acima e considerando que o aumento do FPS indica aumento relevante no preço, ao se realizar uma análise de custo-benefício uma sugestão seria usar protetores solares FPS 25 ou FPS 30 reaplicados a cada uma hora ou, no máximo, duas horas. Uma vez que, independente do valor de FPS escolhido, indica-se reaplicações, no máximo, a cada duas horas.

É muito recomendado uma consulta ao dermatologista para averiguar se sua pele precisa de cuidados especiais. Caso ele indique um tratamento diferente procure saber com o próprio médico ou com o farmacêutico a quantidade adequada a se passar para obter os resultados desejados de proteção solar.

Quanto ao uso de protetores solares de qualquer FPS deve-se ter alguns cuidados:
a) Espere 20 minutos após a aplicação do protetor para se expor ao sol ou entrar na água.
b) Por mais que se afirme que o protetor não sai na água, o contato com ela reduz o tempo de proteção, assim é importante reaplicar o protetor após banhos em piscina, mar ou chuveiro.
c) Mesmo não entrando em contato com água deve-se reaplicar o protetor em intervalos de 1 a 2 horas, independente dos cálculos de FPS indicarem um intervalo maior de tempo.
d) Evitar se expor ao sol entre 10h e 16h pois é quando a irradiação solar tem o maior potencial para causar mais danos a pele.

REFERÊNCIAS

Posso usar essa pomada como cosmético?

“A pomada Bepantol também pode ser usada para fins cosméticos, tais como, amenizar olheiras, rachaduras nos pés, hidratação das mãos, pós depilação, hidratação do rosto, etc"


A pele é o maior órgão do corpo humano e possui, entre outras, funções importantes como: proteger os órgãos internos, evitar desidratação do corpo, conferir sensibilidade e evitar invasão de micro-organismos. Vários nutrientes são essenciais para manter a pele saudável, como, as vitaminas. Alguns estudos demonstraram que a aplicação tópica (direto no local) de formulações contendo vitaminas é mais eficiente do que a reposição das mesmas por via oral por possibilitar uma maior concentração desse nutriente no local em questão.

O Bepantol® (produzido pela Bayer) é uma pomada (ou solução) constituída basicamente por dexpantenol veiculado a uma base oleosa. O dexpantenol é uma substância que, quando aplicada topicamente, é transformada em ácido pantotênico (a famosa vitamina B5), presente, naturalmente, na pele e nos cabelos. Essa vitamina é muito importante para os processos de cicatrização e regeneração da pele por induzir o aumento do número de fibroblastos, células produtoras de colágeno, principal componente estrutural desse órgão. Esse fenômero ocorre de forma um pouco lenta e os efeitos podem demorar, aproximadamente, 14 dias para serem notados. Além de atividade cicatrizante e regeneradora, o dexpantenol apresenta ação antiinflamatória e hidratante. Por isso, o Bepantol® é originalmente indicado para prevenção e tratamento de assaduras e rachaduras da pele (e mucosas) e tratamento de ferimentos leves e também muito indicado para cicatrização de tatuagens e piercings.

O dexpantenol apresenta boa absorção pela pele e atividade umectante (relacionada a retenção de água) e, por isso, vem sendo largamente utilizado em formulações cosméticas. Além do próprio princípio ativo, a base oleosa presente na maioria das formulações também auxilia na hidratação, por formar um “filme” oleoso sobre a pele, o que dificulta a perda de água da mesma para o ambiente. Por tudo isso, além das ações já citadas anteriormente, a utilização de produtos para a pele e para o cabelo contendo dexpantenol traz benefícios estéticos. Em relação ao tempo de efeito, essa ação hidratante é percebida rapidamente.

Efeitos adversos relacionados ao uso de formulações contendo essa substância foram observados somente em casos de pessoas alérgicas a algum componente da fórmula, por isso, esses produtos são contra-indicados nessas situações. Segundo a bula do Bepantol®, o mesmo pode ser utilizado sempre que houver necessidade. Mas deve-se ter o cuidado de evitar o contato desses produtos com a região dos olhos. Caso isso aconteça, é preciso lavar a área com bastante água.


Voltando à dúvida enviada pelo leitor, a pomada em questão pode ser utilizada para os fins mencionados por melhorar a hidratação da pele e sua consequente aparência. No caso das olheiras, é importante destacar que haverá somente essa hidratação e não diminuição da cor. Apesar de o uso do medicamento trazer efeitos benéficos, é sugerido que o mesmo não seja a primeira escolha para uso cosmético, pois, muitas vezes, um simples creme hidratante contendo pantenol terá concentrações mais adequadas da substância para um certo objetivo e até um preço mais acessível. Outra questão a ser levada em consideração é o fato de a base da pomada Bepantol® ser oleosa. Em pessoas com pré-disposição à acne, é preferível a utilização de formulações menos gordurosas, como cremes e loções.

Outras vitaminas bastante estudadas e utilizadas em cosmética são a A, C e E. Vale lembrar que, apesar de produtos tópicos serem eficientes em suprir a deficiência de vitaminas em locais específicos e acelerar os processos naturais do organismo, a alimentação adequada e balanceada continua sendo a forma mais importante de garantir o estado saudável da pele, dos cabelos e das unhas. A vitamina B5 ou ácido pantotênico pode ser obtida em vários alimentos de fácil acesso como soja, cereais integrais, carnes, gema de ovo e salmão. E não devemos nos esquecer daquela simples e fortíssima aliada da estética: a água!

Referências:

Existe alguma recomendação para o tipo de sabonete mais indicado para pessoas idosas?

“Minha mãe tem 90 anos, gostaria de saber um sabonete indicado pra ela para uso diário, tipo pra evitar coceiras que dão em pessoas idosas.”

A pele é o maior órgão do nosso corpo. Ela possui células diferenciadas e especializadas para cumprir funções no organismo, sendo a principal delas atuar como a primeira barreira de proteção do corpo contra agentes externos, físicos ou químicos (raios solares, micro-organismos, produtos químicos, etc). Podemos citar como outras funções da pele, a regulação da temperatura corporal e o controle da perda de água pela derme. Sua estrutura divide-se em três camadas principais – epiderme, derme e hipoderme – cada uma com células e funções características atuando complementarmente, para que o órgão funcione da melhor forma possível.

A epiderme é um epitélio de revestimento que constitui a camada mais superior da pele e possui, entre outros constituintes, o estrato córneo, que é formado por uma superposição de células queratinizadas. A integridade desse estrato é fundamental para manter a pele hidratada. A derme é formada por tecido conjuntivo que sustenta a epiderme, e é essa camada a que confere resistência e elasticidade a pele. Na derme, encontram-se os vasos sanguíneos e anexos, como o folículo piloso e as glândulas (sudoríparas e sebáceas). É através da derme que a epiderme recebe todo o aporte nutricional para suas células. Na hipoderme, também chamada de tecido subcutâneo, temos um tecido conjuntivo frouxo, responsável pelo deslizamento da pele sobre as estruturas nas quais está apoiada. Pode haver também tecido adiposo, responsável pelo isolamento térmico do corpo.

Essas camadas, contudo, sofrem alterações ao longo do tempo. O avanço da idade reflete-se no envelhecimento tecidual e podemos notar modificações visíveis na pele, como diminuição da elasticidade, o aparecimento de rugas, além da pele tornar-se mais seca, fina e sensível. Tais resultados são consequência de uma mudança qualitativa e quantitativa dos componentes que fazem parte das camadas da pele citadas anteriormente. A diminuição da síntese de colágeno, por exemplo, resulta em menor elasticidade e firmeza, assim como a diminuição da divisão celular (decorrente do envelhecimento) retarda o processo de renovação das células (comprometendo a formação de uma barreira íntegra), o que diminui a retenção de água pela epiderme, deixando a pele mais sensível e com aparência seca.

Assim, a hidratação é fundamental para manter a firmeza e evitar inconvenientes como coceira e irritação, comuns em peles secas; uma pele saudável é aquela que possui um equilíbrio entre seus constituintes, de forma a garantir a retenção de água no seu interior.

Para contornar as consequências naturais da diminuição da hidratação, podemos lançar mão de algumas opções de produtos cosméticos que agem no sentido de minimizar essa perda. Os sabonetes neutros para uso diário são recomendáveis para peles mais sensíveis, como a de pessoas idosas, por exemplo. Esses sabonetes, devido a sua formulação, tem menores chances de causar irritação e sua ação de limpeza é tão eficaz quanto às demais formulações disponíveis. Como medida auxiliar, podemos também citar o uso de loções hidratantes sempre que possível, dado que elas ajudarão a pele a se manter hidratada por mais tempo, o que irá minimizar os inconvenientes já citados. Existem sabonetes que já possuem em suas formulações componentes hidratantes; a aceitação destes vai depender de cada pessoa.

Além do que já foi citado sobre a necessidade e os benefícios de uma pele hidratada, é importante reforçar que, independente da idade ou características de cada um, é preciso cuidado desde cedo para que os efeitos de um envelhecimento precoce sejam diminuídos e para evitar danos progressivos e, em alguns casos, irreversíveis, como o câncer de pele; o uso de filtros solares é um aliado extremamente importante, nesse sentido.

Referências:

Devo usar xampu sem sal quando meus cabelos estão danificados?

"As mulheres que possuem alguma química no cabelo sempre escutam que se deve usar xampu sem "sal". Alguns dizem que não é agressivo como o xampu comum. Outros dizem que é para restaurar o pH natural do cabelo e outros já dizem que é para a progressiva ou a tintura durar mais. Enfim, qual o benefício do xampu sem sal?"


O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking dos maiores países com maior número de consumidores de cosméticos e esse mercado só tende a crescer. Os consumidores estão ficando cada vez mais exigentes e informados sobre os produtos, mas, muitas vezes, a publicidade e o marketing fazem com que alguns mitos passem a ser considerados verdades. Dentro desse contexto, surgiu a informação de que xampu sem sal é melhor para os cabelos danificados.

A principal finalidade do xampu é a limpeza do cabelo, ou seja, a remoção de sujeiras presentes na superfície capilar. Essas sujeiras, também chamadas de sujidades, podem ser resíduos de cosméticos, poeira, sebo, etc., mas o que a maioria delas tem em comum é o fato de serem insolúveis em água. Para que o xampu consiga remover a sujidade, é necessário que o mesmo possua em sua formulação substâncias chamadas de tensoativos. Elas têm o poder de se ligarem às impurezas e permitir que as mesmas sejam “carregadas” e eliminadas através do enxague com água.

Além do tensoativo, outras substâncias estão presente na formulação da maioria dos xampus. Entre elas estão os espessantes. Eles são muito importantes, pois tornam o xampu mais viscoso, o que facilita o uso do mesmo e evita o desperdício. Nenhum consumidor gosta de “xampu ralo”! Entre esses, o mais utilizado, por ser muito barato e eficiente, é o cloreto de sódio, principal constituinte do famoso sal. Ele é totalmente solúvel em água e não se liga à estrutura do fio de cabelo.

Para entender melhor todo esse processo, é interessante que conheçamos esse fio. Ele é constituído de três partes: cutícula (que é a camada mais externa formada por escamas), córtex (que dá a cor ao cabelo) e medula, que em alguns fios, nem existe. Essas duas últimas formam a estrutura interna do cabelo, que é protegida pela cutícula. No cabelo saudável, todas as estruturas estão unidas. Mas em tratamentos químicos permanentes, como tinturas, alisamentos, etc., é necessário abrir a cutícula para que o produto entre em contato com a estrutura interna do fio.

Esses procedimentos permanentes, geralmente, acontecem em pH acima de 9 (o que possibilita a abertura da cutícula) e é necessário que, ao final dos mesmos, o pH natural do cabelo (entre 4 e 5) tente ser reestabelecido. Mas na maioria das vezes, o pH não volta a atingir o seu valor original e a cutícula fica danificada. Por esse motivo, o cabelo perde brilho, maciez, fica mais difícil de pentear, além de que o fio fica pouco protegido contra as agressões externas, como sol, secagem, etc. O pH das formulações de xampus, geralmente, está entre 6 e 6,5 e o sal, que está em baixas concentrações no xampu, não consegue influenciar esse pH e, por isso, o xampu sem sal não é melhor em relação ao reestabelecimento do pH natural do cabelo.

A melhor opção para tratar cabelos danificados é utilizar produtos hidratantes (como máscaras) que tenham pH relativamente baixo e que consigam repor a perda de água que o fio danificado sofre e ajudar na regeneração do fio. Alguns produtos possuem, inclusive, substâncias seladoras de cutícula e até proteínas como a queratina, que é o principal constituinte do cabelo e ajuda na regeneração do mesmo quando danificado. O fato de os fios estarem bem cuidados pode levar ao prolongamento do efeito do procedimento permanente realizado.

Concluindo, o sal, definitivamente, não é o vilão dessa história! Em xampus, ele não é agressivo aos cabelos danificados e nem aos cabelos saudáveis. Mas vale dizer que a substituição do mesmo por outros espessantes pode ser vantajosa, uma vez que essas outras substâncias podem possuir propriedades que conferem condicionamento ao cabelo, entre outros benefícios.

Devemos buscar nos informar sobre o que é verdade e o que é estratégia de marketing quando falamos em cosméticos. Para isso, é sempre uma boa opção consultar o seu farmacêutico!

Referências:

Que tipo de coloração devo usar no meu cabelo?


Nos dias atuais, é difícil encontrar uma pessoa que nunca coloriu o cabelo de alguma forma. O mercado de cosméticos vem crescendo muito e, entre os produtos mais vendidos da área capilar, destacam-se os xampus e as tinturas. Mas os produtos existentes são tantos que muitas vezes o consumidor não sabe qual deles é o mais adequado para cada caso.

A RDC n.º 211, de 14 de julho de 2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), classifica as tinturas capilares como cosméticos de grau de risco 2. Isso significa que elas se enquadram na definição de “produtos cosméticos” e que possuem indicações específicas (exemplos: xampu anti-queda, creme anti-aging, etc.), sendo que sua segurança e/ou eficácia devem ser comprovadas, além de possuir informações sobre cuidados, modo de usar e restrições de uso.

As tinturas capilares podem ser classificadas em três grupos de acordo com a duração do efeito colorido: permanentes (ou oxidativas), semi-permanentes e temporárias. Para entender melhor o mecanismo de ação das diferentes tinturas, sugerimos que o leitor conheça um pouco mais sobre a anatomia do fio de cabelo lendo a seguinte publicação: “Devo usar xampu sem sal quando meus cabelos estão danificados?"

As tinturas temporárias são aquelas que possuem como mecanismo de ação a deposição de corantes sobre a fibra capilar, ou seja, não há “fixação” do mesmo no fio do cabelo e, consequentemente, ele é, geralmente, removido na primeira lavagem. São geralmente usadas para proporcionar efeitos especiais nos cabelos, retirar o amarelado de cabelos loiros e grisalhos, etc., e se caracterizam por produtos como sprays, riméis, géis, entre outros. Elas possuem baixo potencial irritante e são muito seguras.

As tinturas semi-permanentes são aquelas que são, geralmente, utilizadas para realçar a cor natural do cabelo, colorir fios grisalhos, etc. Esses corantes possuem menor tamanho e, por isso, conseguem penetrar na cutícula do cabelo e, parcialmente, no córtex. Assim, dependendo da composição do produto e da condição do fio, o efeito colorido pode durar entre 12 e 15 lavagens. Para facilitar a difusão das moléculas de corante para o córtex, muitas vezes, as tinturas são associadas a soluções levemente alcalinas, o que ocasiona uma certa abertura das cutículas do fio, danificando o cabelo. Os famosos “tonalizantes” são exemplos desse tipo de tintura.

Já as tinturas permanentes (ou oxidativas), apesar de proporcionarem um efeito colorido de maior duração, são as mais agressivas. Elas se diferenciam das outras por possuir em sua composição substâncias precursoras. Essas substâncias só atuarão como corantes uma vez que sofrerem uma reação de oxidação no interior do córtex e se ligarem a outras substâncias presentes na formulação, formando compostos de grande tamanho, o que dificulta a saída dos mesmos pela cutícula do cabelo e os mantém no interior do córtex. Para que os componentes da tintura e o antioxidante (água oxigenada) entrem no córtex, é necessário abrir as cutículas do fio, o que é feito com o uso de uma substância que eleva o pH do meio, geralmente, amônia. Como consequência disso, há diminuição da maciez, do brilho e de outros aspectos característicos de um cabelo saudável.

Dentre os produtos para coloração, podemos encontrar dois sub-grupos: os sintéticos e os naturais. Esses últimos são de origem vegetal e possuem baixo poder alergênico. Assim, são muito utilizados por pessoas que já possuem os cabelos sensibilizados. Uma famosa tintura natural semi-permanente é a “Henna” (também conhecida como lawsone). Originalmente, a “Henna” é derivada da planta Lawsonia inermis e possui coloração marrom-avermelhada. Mas, com a adição de outros pigmentos, é possível originar outras nuances (a cor que vemos no cabelo). Dessa forma, existem vários produtos chamados de “Henna”, que podem ser em pó, em creme, entre outros e que possuem diversas colorações e componentes, o que dificulta a caracterização geral desses produtos como “naturais”. Eles colorem os fios por deposição cumulativa de pigmentos sobre os mesmos, podendo gerar uma sensação de “engrossamento” do cabelo, mas não foi encontrada nenhuma informação sobre um possível clareamento do mesmo após o uso de Henna. Ela é, muitas vezes, confundida com o Henê, um produto cosmético que tem como principal finalidade o alisamento dos cabelos, mas que também os colore na cor negra. É importante que os consumidores conheçam essa diferença, pois, ao contrário da Henna, o Henê possui alta toxicidade.

Até aqui, uma questão já deve estar bem entendida: quanto menor a duração do efeito colorido, menor o dano ao cabelo, pois significa que menos (ou nenhum) corante foi depositado no córtex capilar e houve menor (ou nenhuma) abertura das cutículas. Outra questão a ser considerada é o fato de que não é porque uma tintura (ou qualquer outro produto) é chamada “natural” que ela é segura. É preciso averiguar a procedência e a segurança dos produtos (marcas reconhecidas, registros na ANVISA, etc.), mas, geralmente, os produtos naturais possuem menor poder sensibilizante. Além disso, é importante lembrar que todo cabelo que passa por um processo de transformação, provavelmente, sofrerá algum dano e, por isso, é importante que o mesmo seja constantemente hidratado e bem cuidado.

Portanto, a escolha de uma forma de coloração ou de outra irá depender do resultado esperado pelo consumidor (cor, duração do efeito, proporção de danos ao cabelo, etc). Para procedimentos domésticos, é importante que sejam levadas em consideração a procedência do produto e a condição do cabelo. Mas, em se tratando, principalmente, de tinturas sintéticas, muitas vezes não há conhecimento suficiente por parte do consumidor para saber qual tintura deve ser aplicada para atingir a nuance pretendida, já que há muitos fatores variáveis de um cabelo para outro. Antes de fazer qualquer procedimento de transformação capilar, o ideal seria ouvir a opinião de um profissional cabelereiro habilitado, para que, juntos, consumidor e profissional, decidissem a melhor opção de tratamento.

Referências Bibliográficas: