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Sim, o horário influencia no seu tratamento

“Porque a sinvastatina só pode ser utilizada a noite?”

O colesterol é uma substância que o corpo necessita para produzir novas células e alguns hormônios. Nosso corpo é capaz de produzir o colesterol diariamente. Além disso, o colesterol está presente em vários alimentos de origem animal (os vegetais não contém colesterol). As principais fontes de colesterol dos alimentos são as carnes, mariscos, ovos (gema), leite (integral) e derivados, além de algumas vísceras (fígado, rins, etc.). Embora tenha funções orgânicas essenciais, o colesterol representa um dos fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, quando em excesso.
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A hipercolesterolemia ou o colesterol alto, é uma doença que afeta 20% da população brasileira, especialmente, a partir dos 45 anos de idade. É uma condição que se caracteriza pela presença de taxas elevadas de colesterol no sangue, ou seja, colesterol total acima de 240mg/dL e/ou LDL-colesterol acima de 160mg/dL.

O colesterol é transportado no sangue sob duas formas, o LDL e o HDL-colesterol. O equilíbrio entre os dois tipos de colesterol é muito importante para a proteção dos vasos sanguíneos.

Veja abaixo a diferença entre o LDL e o HDL-colesterol:
- LDL (lipoproteína de baixa densidade): considerado o “colesterol ruim”, pois se deposita nos vasos sanguíneos, podendo acumular nas artérias e provocar a obstrução da mesma, caracterizando a doença chamada aterosclerose, responsável pelo infarto e pelo derrame cerebral (AVC).
- HDL (lipoproteína de alta densidade): considerado o “colesterol bom”; tem a função de conduzir o colesterol ruim para fora das artérias, impedindo seu depósito nos vasos sanguíneos.

Por haver essa diferença de tipos de colesterol, o controle e o tratamento da hipercolesterolemia visam não apenas a redução dos níveis totais da substância no sangue, que são formados pela soma dos valores de LDL e HDL, mas uma proporção saudável entre as duas frações, de forma que haja menos colesterol ruim e mais colesterol bom. A queda na concentração do colesterol é feita com o uso das estatinas como a sinvastatina. Esses medicamentos são inibidores da enzima HMG-CoA redutase, responsável por uma etapa essencial na síntese do colesterol.

Com base em sete estudos clínicos revisados, a sinvastatina demonstrou um percentual significativo de redução do colesterol LDL sob administração vespertina (pela noite ou na hora de dormir) do medicamento, quando comparada com a administração matutina. Considerando que o colesterol é biossintetizado pela noite e nas primeiras horas da manhã, o Food and Drug Administration (FDA) órgão que regula a indústria alimentícia e de medicamentos nos EUA, recomendou a administração vespertina de estatinas com meias-vidas mais curtas (lovastatina, sinvastatina e fluvastatina) para um efeito mais rápido do medicamento. Em contraste, o FDA sugere a administração diurna de estatinas com meias-vidas mais longas (atorvastatina , rosuvastatina e pravastatina). Logo, afim de coincidir o pico de produção do colesterol no organismo com o potencial máximo de ação da sinvastatina o medicamento é tomado, preferencialmente, à noite.

Para confirmar isso, estudos encontraram uma grande redução no colesterol total e LDL quando a sinvastatina, que tem uma meia vida curta, é administrada à noite do que quando tomada pela manhã. Ainda é desconhecido se o horário de administração das estatinas influencia na eficácia do medicamento, então se administra a estatina no tempo recomendado pelo fabricante.

As estatinas devem ser administradas por via oral, em dose única diária. O efeito terapêutico só será mantido com doses diárias, não devendo o fármaco ser suspenso ou usado em dias alternados, exceto se houver aparecimento de efeito colateral ou no caso de contra-indicação clínica. Essa classe de drogas é a mais eficaz na redução do LDL-C e demais frações do colesterol e promovem resultados positivos na clínica de pacientes para prevenção de doenças cardiovasculares. A escolha da estatina é feita pelo médico e depende do número de fatores de risco do paciente (incluindo o nível da hiperlipidemia), possíveis interações medicamentosas, a presença de doença renal e custo do medicamento.

Referências:

Alergia: veja quais as opções de tratamento na farmácia mais próxima!

Muitos consumidores têm dúvidas em qual tratamento seguir quando a crise alérgica ataca de maneira inesperada! Na drogaria do bairro, ou até mesmo nas bolsas e na famosa “farmacinha” - o que não falta são opções terapêuticas para aliviar os sinais e sintomas alérgicos. 

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O assunto já foi tratado aqui no PhResponde para explicar melhor os detalhes entre a loratadina e a desloratadina, substâncias que controlam a liberação de histamina (um dos mensageiros que agravam a crise alérgica). 

Quando nosso corpo entram em contato com o que tem potencial de causar alergia (poeira, mofo, pólen e pelos de animais) há uma grande e imediata liberação de histamina e ela é a responsável pelos sintomas alérgicos. Por exemplo: no nariz, a histamina causa prurido (coceira – essa ação, também, é observada na pele) e espirros. A histamina também age sobre os vasos sanguíneos aumentando o diâmetro ou dilantando-os para permite a passagem de líquido do interior desses vasos para o tecido do nariz, resultando em edema (inchaço) e no famoso “nariz entupido”, além de estimular algumas glândulas a liberarem uma substância conhecida como muco, o que causa a coriza, ou seja, faz o “nariz escorrer”. 

Nos pulmões, a histamina causa a dificuldade de respirar ou a falta de ar tão comum nas reações alérgicas. Como se não bastasse, ela estimula células inflamatórias e a liberação de outras substâncias que vão iniciar um processo de inflamação. Para exercer esses efeitos, a histamina tem que se ligar em alguns lugares específicos nas células (algo como chave e fechadura, conhecido como receptores). É sobre esses receptores que os medicamentos controlam a crise alérgica.

O cloridrato de fexofenadina (fexofenadina - princípio ativo do medicamento AllegraⓇ - Sanofi-Aventis) e desloratadina (princípio ativo do medicamento DesalexⓇ - Merck Sharp & Dohme) são capazes de bloquear a ação da histamina por atuarem sobre o mesmo receptor. Estudo clínico realizado com mais de 500 pacientes identificou que não há diferença entre a opção terapêutica, isso quer dizer que tanto a fexofenadina quando a desloratadina controlam a crise alérgica de maneira igual. São semelhantes!(1) Porém quando a avaliação das substâncias é feita sobre o tempo logo após administração do medicamento, a fexofenadina é mais rápida que a desloratadina para diminuir as manifestações alérgicas.(2)

As duas moléculas também são seguras em relação a não provocar sono ou sensação de sedação/sonolência durante a administração diurna.(3) Mesmo assim, tenha mais atenção ao dirigir ou operar máquinas quando estiver fazendo uso de medicação que tenha essas substâncias. 

Atenção durante a amamentação, pois as duas substâncias também estarão presentes no leite materno e podem portanto ter ação não desejável direta sobre o recém-nascido.

Consulte o seu farmacêutico! Converse com ele sobre quais outros medicamentos está fazendo uso e há quanto tempo a crise alérgica está incomodando! Não faça automedicação, pois ao invés de melhorar os sinais, você pode manifestar outros efeitos adversos!

Referências:
1- Berger, W.E. et al..Efficacy of desloratadine, 5 mg, compared with fexofenadine, 180 mg, in patients with symptomatic seasonal allergic rhinitis. Allergy Asthma Proc. 27(3), 2006.(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16913264)
2- Meltzer, E.O & Gillman, S.A.Efficacy of fexofenadine versus desloratadine in suppressing histamine-induced wheal and flare. Allergy Asthma Proc. 28(1), 2007. (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17390761)
3- Wilson, A.M. Effects of fexofenadine and desloratadine on subjective and objective measures of nasal congestion in seasonal allergic rhinitis. Clinical Experimental Allergy, 32(10), 2002.(https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1046/j.1365-2745.2002.01509.x)

Entenda a grande variedade de receitas médicas!

“Há muito tempo existia receitas comuns e receitas azuis. Nós, leigos do assunto, percebemos que de um tempo para cá, houve uma severa mudança, e hoje não conseguimos mais entender as prescrições médicas. Qual o motivo de tantas cores e modelos de receita? Ninguém, de certa forma, deu uma explicação pra população dessa severa mudança e para que servem cada uma delas.”

A prescrição médica é elaborada pelo profissional da área da saúde durante um atendimento ou consulta onde nela é descrito, com algumas variações:
- anamnese, diagnóstico e terapêutica, que também são descritos no prontuário médico;
- indicação dos medicamentos, e;
- orientação ao paciente.


A receita é, portanto, um documento importante que envolve a relação médico-paciente. Ela representa a elaboração de uma terapia, na maioria dos casos e, por isso, pressupõe uma decisão diagnóstica da parte do médico, e da descrição da conduta ideal que o paciente deve ter para resolver o problema que o levou à consulta (Por exemplo: tomar 1 vez ao dia, 1 comprimido de anti-hipertensivo para controlar a pressão arterial). Esse documento é individual, pessoal e intransferível, exigindo a identificação tanto do profissional prescritor quanto do paciente (beneficiário).

Até o ano de 1998, estavam em vigor as Portarias 27 e 28, instituídas em 1986 pela Divisão Nacional de Medicamentos (DIMED), que normatizava a prescrição de drogas psicotrópicas. Dessa maneira, em síntese, existiam no Brasil quatro tipos de receituários para medicamentos de venda sob prescrição.
- Receita simples: utilizada para prescrição de medicamentos anódinos (analgésicos, essencialmente) e os medicamento de tarja vermelha, com os dizeres venda sob
prescrição médica. Prescrição exigida na Lei 5.991/1973.
- Notificação "A" (talonário amarelo): utilizada para prescrição de drogas com alto risco de induzir dependência (por exemplo, anestésicos barbitúricos, opióides e derivados da anfetamina, e de uso psiquiátrico como o metilfenidato).
- Notificação "B" (talonário azul): utilizada para prescrição de medicamentos que potencialmente podem induzir dependência (por exemplo, benzodiazepínicos).
- Receita branca-carbonada: utilizada para prescrição de medicamentos, com ação no Sistema Nervoso Central, sem risco de causar dependência (por exemplo, antidepressivos e antipsicóticos).

Atualmente, as receitas e notificações que estão disponíveis asseguram o tratamento, a conduta adequada e o monitoramento da utilização de algumas substâncias (como as sob controle especial) que são estabelecidas, essencialmente, pela Portaria 344/1998 instituída pela Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária. O panorama atual não é muito diferente do que existia anteriormente. A Portaria 344 dividiu as substâncias que exigiam um controle especial devido ao fato de causarem dependência ou um risco maior a saúde do paciente e as distribuiu em receitas ou notificações. Vejamos:
- Receita simples: permanece da mesma maneira estabelecida anteriormente pela Lei 5.991/1973.
- Notificação “A” (talonário amarelo): prescrição de substâncias entorpecentes (Lista A1), entorpecentes de uso permitido somente em concetrações especiais (Lista A2) e os medicamentos psicotrópicos (Lista A3). Permite a compra de medicação para 30 dias de tratamento, a notificação deve estar datada e tem validade de 30 dias.
- Notificação “B” (talonário azul): prescrição de substâncias psicotrópicas entorpecentes (Lista B1) e medicamentos psicotrópicos anorexígenos (Lista B2). Permite a compra de medicação para 60 dias de tratamento (lista B1) e para 30 dias de tratamento (lista B2), a notificação deve estar datada e tem validade de 30 dias.
- Receita de Controle Especial (duas vias): utilizada para a prescrição de medicamentos à base de substancias sujeitas a controle especial (Listas C1), anabolizantes (Lista C5). Permite a compra de medicação para 60 dias de tratamento, a receita deve estar datada e tem validade de 30 dias.
- Notificação de Receita Especial de Retinoides: utilizada para a prescrição de retinoides de uso sistêmico (Lista C2). Permite a compra de medicação para 30 dias de tratamento, a notificação deve estar datada e tem validade de 30 dias.
- Notificação de Receita Especial para Talidomida: utilizada para a prescrição da talidomida (Lista C3). Permite a compra de medicação para 30 dias de tratamento, a notificação deve estar datada e tem validade de 15 dias.
- Substâncias anti-retrovirais: formulário próprio, estabelecido pelo programa de DST/AIDS do Ministério da Saúde, utilizado para prescrição de medicamentos anti-retrovirais (Lista C4).

As substâncias pertencentes as listas específicas podem ser consultadas pelos anexos da Portaria 344/1998 aqui. Além disso, o internauta pode conferir um exemplo para cada uma dessas receitas e notificações clicando aqui. Muitas dessas notificações exigem uma atenção especial a presença do carimbo do profissional prescritor, e essa dúvida já foi anteriormente respondida no PhResponde, não deixe de conferir!

O atendimento da receita nas farmácias e drogarias inclui outro profissional que é protagonista nesta relação, o farmacêutico. Ele tem como objetivo principal de sua atividade profissional interpretar a orientação do médico à luz dos conhecimentos que possui e esclarecer dúvidas tanto ao paciente quanto a quem prescreveu. Dessa maneira a receita se configura como um único documento testemunhal de um ato profissional complexo e qualquer erro nessa transação pode se tornar danoso à saúde do paciente. Essa diversidade de receitas e notificações asseguram que o tratamento seja correto e que não ocorra o abuso do uso dessas substâncias, traz mais controle tanto para os pacientes quanto para os profissionais da saúde.

Referências

Cápsulas, drágeas, comprimidos: qual a diferença entre as formas farmacêuticas?


“Gostaria de saber a diferença entre comprimido, cápsulas e drágeas, quando, ou não, posso parti-los e o que difere os de liberação prolongada.”


Define-se forma farmacêutica como a forma final na qual os princípios ativos (a substância responsável pelo efeito do medicamento) são comercializados, a fim de facilitar a sua utilização administração, garantir a obtenção dos efeitos clínicos desejados e a preservação de suas características físico-químicas e farmacológicas.
A escolha da forma farmacêutica deve considerar, entre outros fatores, as condições de transporte e armazenamento (espaço, volume, praticidade); a estabilidade do medicamento (ou seja, a garantia de que o princípio ativo não sofrerá nenhuma interferência ou transformação que comprometa sua passagem para o sangue ou o seu efeito); a aparência e sabor do princípio ativo e demais constituintes; e a precisão da dosagem. Explicarei essa precisão com um exemplo: ao tomar uma colher de um xarope a dose não é precisa, pois a quantidade a ser ingerida depende do paciente e, portanto, pode estar maior ou menor do que o recomendado, dependendo do tamanho e de quão cheia estiver a colher utilizada. Por outro lado, quando se toma um comprimido contendo 250 mg de um princípio ativo, a dose é precisa, ou seja, a quantidade ingerida é conhecida e independe do paciente.
Existem formas farmacêuticas líquidas (ex.: xaropes, suspensões orais), semi-sólidas (ex.: pomada, creme, gel) e sólidas (ex.:comprimidos, drágeas, cápsulas, grânulos).
Os COMPRIMIDOS,
São formas farmacêuticas sólidas obtidas por compressão de pós. Basicamente, faz-se uma mistura contendo o princípio ativo e demais constituintes(conhecidos com excipientes) e aplica-se uma pressão sobre essa mistura . Como vantagens em relação às cápsulas, temos: maior precisão de dose e conteúdo, permite uma variedade de espessuras, formas (mastigáveis, sublinguais, vaginais, efervecentes); e é inviolável, ou seja, não é possível adulterar seu conteúdo. As desvantagens são que alguns princípios ativos são mais resistentes à compressão; às vezes, é difícil mascarar fissuras (rachaduras), descoloração, sabor, aparência e odor desagradáveis.
Muitos comprimidos podem receber revestimentos especiais e, então, são denominados COMPRIMIDOS REVESTIDOS.
O revestimento pode ser realizado com polímeros e/ou açúcar. Se esse revestimento for à base de açúcar, denominamos drágeas. As drágeas têm aspecto liso, brilhante, são fáceis de deglutir (engolir) e permitem misturar, entre o revestimento e o núcleo da drágea, substâncias que não poderiam ser misturadas em um comprimido comum (substâncias incompatíveis).
Dependendo do tipo de material utilizado, o revestimento pode ser útil para: mascarar sabor, cor e aparência desagradáveis; proteger o princípio ativo (física e quimicamente); permitir mistura de substâncias incompatíveis e controlar a liberação do fármaco.

De modo bastante simplificado, podemos, então, definir os COMPRIMIDOS DE LIBERAÇÃO PROLONGADA (ou de liberação modificada) como aqueles que receberam revestimento capaz de controlar a velocidade com a qual o comprimido se “dissolvem” e o medicamento chega ao sangue. Eles são úteis pois aumentam a adesão do paciente ao tratamento, uma vez que, ao invés de tomar vários comprimidos ao dia (em intervalos de 4, 6, 8, 12 horas), pode-se tomar um único comprimido e ainda assim obter o efeito desejado.

Nas CÁPSULAS, o fármaco está envolvido por uma substância relativamente elástica (amidoou gelatina). são as formas sólidas mais utilizadas na manipulação e são fáceis de transportar, capazes de mascarar sabor e aparência desagradáveis,e permitem liberação rápida do fármaco. Entretanto, podem ser, facilmente abertas e ter seu conteúdo adulterado ou sofrer contaminação.

Por causa do grande número de medicamentos disponíveis no mercado, é difícil listar cada um e dizer quais podem ou não ser partidos. Seguem orientações gerais:
- O ideal é não partir nenhum comprimido. Ao parti-lo, ele se despedaça, se espalha e a dose ingerida perde sua precisão. Além disso, caso não seja partido em uma superfície limpa, ainda aumenta-se o risco de contaminação com outros materiais e pós, bem como bactérias e fungos. Outro problema é que muitas pessoas não guardam a outra metade com o cuidado necessário e se guardados em uma caixa contendo vários medicamentos diferentes, há o risco de confundi-los e tomar um comprimido trocado, tomando o dobro da dose de um e não tomando o outro, por exemplo. Essa recomendação, também, é válida para as drágeas, bem como no que se refere a abrir as cápsulas.
- Entretando, há comprimidos que apresentam um sulco (uma marca, linha) dividindo-o ao meio e, em geral, podem ser partidos. Ainda assim, leia a bula do medicamento e verifique se o fabricante não faz alguma observação recomendando não parti-lo.
- JAMAIS parta um comprimido revestido, a não ser que o fabricante afirme na bula que, mesmo sendo revestido, o comprimido pode ser partido. Em geral, o revestimento tem um objetivo específico de proteger o princípio ativo ou de liberá-lo gradualmente ao longo do tempo. Ao partir um comprimido revestido, você está removendo essa “proteção” e o medicamento pode perder seu efeito ou, se o comprimido for de liberação prolongada, pode liberar uma quantidade muito alta e causar efeitos tóxicos no organismo.
- Em caso de dúvidas, leia a bula do medicamento e consulte o farmacêutico ou seu médico.

REFERÊNCIAS

LACHMAN, L.; LIEBERMAN, H. A., KANIG, J.L. Teoria e prática na indústria farmacêutica. vol. 2, fundação Caloust Gulbencian, 2002.

PEZZINI, B. R; SILVA, M. A. S.; FERRAZ, H. G. Formas farmacêuticas sólidas orais de liberação prolongada: sistemas monolíticos e multiparticulados. Rev. Bras. Cienc. Farm. v.43 n.4 São Paulo out./dez. 2007. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-93322007000400002&lng=pt&nrm=is

E esse meu nariz entupido que não sara?

"Neosoro vicia? Utilizo o medicamento e percebo que ele proporciona rápido alivio para a congestão nasal. Verifiquei alguns comentários na internet sobre esta possibilidade."

A mucosa nasal é altamente vascularizada. Quando o organismo entende que precisa de proteção (para evitar infecções por microorganismos ou entrada de agentes irritantes carreados pelo ar), seu mecanismo de defesa é fazer com que esses vasos inchem e dificultem a respiração, originando o famoso nariz entupido.

Todos nós sabemos o quanto é desconfortável a sensação de nariz entupido e, por isso, muitas pessoas recorrem ao uso de descongestionantes tópicos (aqueles que aplicamos diretamente nas narinas), na maioria das vezes, sem consultar o médico ou o farmacêutico.

Muitos descongestionantes tópicos presentes no mercado têm como componente um fármaco chamado nafazolina, como é o caso do Neosoro. A nafazolina possui ação vasoconstritora imediata (5 a 10 minutos): “desincha” os vasos sanguíneos aliviando a sensação de nariz entupido. Entretanto, esses medicamentos não agem contra os sintomas de coceira, espirros e corrimento nazal. O efeito vasoconstritor da nafazolina dura, em média, de 3 a 6 horas e após esse tempo um nova aplicação se faz necessária.

O que muitas pessoas não sabem é que o uso prolongado de nafazolina leva a uma vasodilatação rebote, ou seja, os vasos sanguíneos ficam inchados e a sensação de nariz entupido retorna. Assim, a cada aplicação do medicamento, alivia-se essa sensação, mas após algum tempo o efeito acaba e os vasos voltam a “inchar”, até mais do que antes, na chamada vasodilatação rebote. Dessa forma, o paciente entende que só tem o alívio quando faz uso do descongestionante à base de nafazolina, gerando aí a dependência do medicamento. Por isso, o uso tópico de descongestionantes contendo vasoconstritores deve ser feito por, no máximo, 7 dias.

O uso prolongado desses medicamentos pode causar, além da vasodilatação rebote, lesão da mucosa nasal e até efeitos adversos em outras partes do organismo, como por exemplo hipertensão, palidez e suor excessivo.

Descongestionantes nasais tópicos à base de nafazolina, assim como outros que contenham vasoconstritores, devem ser adquiridos apenas sob prescrição médica. Inclusive, em maio de 2010 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) recolheu medicamentos desse tipo que não possuiam a tarja vermelha de “venda sob prescrição médica”. Essa atitude fez com que as indústrias fabricantes adequassem suas bulas e embalagens conforme manda a lei.

De acordo com dados de maio de 2003 da ANVISA, além da nafazolina (59 produtos registrados), os principais vasoconstritores utilizados em formulações descongestionantes tópicas presente no mercado são a oximetazolina (15 produtos), fenoxazolina (9 produtos), tetrizolina (8 produtos) e xilometazolina (4 produtos).
O uso desses medicamentos deve ser evitado em crianças (principalmente menores de um ano), gestantes e lactentes e deve ser controlado em hipertensos, diabéticos e pacientes com hipertireoidismo e doenças cardiovasculares.

Geralmente, esse tipo de descongestionante é muito usado por pessoas que sofrem com crises de rinite alérgica. Em crises de curto tempo, normalmente, não há necessidade de utilização de qualquer medicamento. Muitas vezes, o melhor tratamento é o do “controle ambiental”, ou seja, mudanças realizadas no ambiente da pessoa, como, por exemplo, retirar tapetes e cortinas empoeirados do quarto, diminuindo o contato do paciente com o agente causador da alergia. Recomenda-se a lavagem das narinas com soro fisiológico para auxílio na eliminação de muco, quando presente.
Caso a sensação de nariz entupido não melhore, há a possibilidade de realizar tratamentos fáceis e eficazes com corticóides nasais. É interessante, então, que o paciente converse com seu médico e farmacêutico para que seja escolhido o melhor medicamento.

Bibliografia:

  • Medicamentos descongestionantes nasais tópicos à base de nafazolina. Informes técnicos anuais, 2010, ANVISA.
  • Fábio Bucaretchi; Sanja Dragosavac; Ronan J. Vieira. Exposição aguda a derivados imidazolínicos em crianças. J. Pediatr. (Rio J.) vol.79 no.6 Porto Alegre Nov./Dec. 2003
  • Lucia F. Bricks, Tania Sih. Medicamentos controversos em otorrinolaringologia. J. pediatr. (Rio J.). 1999; 75(1):11-22.
  • Cloridrato de Nafazolina. Bulas, Medley.

Atualização Harp 100


Em 6 de agosto de 2011 foi publicado no PhResponde uma dúvida sobre a segurança, eficácia e qualidade de um suposto produto fitoterápico, o Harp 100. Devido a grande repercussão do texto, elaboramos uma nova publicação para atualizar alguns fatos e informações importantes do suposto produto. 

O referido produto, o Harp 100 (também conhecido como “Natural life – Harp 100mg” ou “Ervas life – Harp 100mg), segundo Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), RE N.5.684, de 14 de dezembro de 2009, teve sua fabricação, distribuição, comércio e uso proibidos em todo o território nacional, por não possuir registro. Ou seja, não há garantia nenhuma da qualidade, eficácia ou segurança desse produto. Produtos sem registro são irregulares e apresentam um grande risco para a saúde dos pacientes que o utilizam, eles não têm nenhuma documentação protocolada junto ao orgão regulatório de medicamentos, sobre componentes da formulação, forma de produção e estudos que comprovem eficácia, segurança e qualidade. Produtos assim são irregulares, você não os encontra em farmácia e drogarias, não é mesmo? 

Um grupo de pesquisa (que será resguardado, por segurança, até a conclusão dos resultados e autorizada publicação) vem investigando, atualmente, a verdadeira composição do Harp 100. Com o andamento das investigações e alguns resultados prévios é possível identificar que esse produto não contém nada do Harpagophytum procumbens, dito como o princípio ativo do fitoterápico em questão, e sim várias outras drogas sintéticas de efeito analgésico já conhecido como orfenadrina, piroxicam, dexametasona e tantas outras substâncias que acabam variando de “produto para produto” devido a irregularidades e à falta de um controle de qualidade rigoroso e necessário dos diversos “fabricantes”. Além do rótulo não fazer menção a essas substâncias, o grande risco dessa associação desconhecida está na possibilidade de causar efeitos colaterais nos pacientes, como insuficiência renal, dependência física e química, interação medicamentosa com o álcool e até risco de morte! O risco envolve a interação com outros medicamentos que o paciente esteja tomando e a ingestão de álcool que pode alterar fortemente o fígado, rins e o sistema nervoso central. 

O suposto número de registro que é encontrado nas embalagens do Harp 100 não é identificado nem encontrado na ANVISA, portanto pode ser um número falso aleatório. Ao realizar a pesquisa, com o suposto número enviado por alguns leitores, uma mensagem diz que o produto não é encontrado. 

A equipe do PhResponde localizou uma notícia, publicada em 21 de novembro de 2012, sobre a suposta morte de um paciente que fazia uso do Harp 100, naquela época, o pai da vítima também foi internado com os mesmos sintomas após fazer uso do produto. O caso ocorreu na cidade de Votuporanga (SP) e o Conselho Regional de Farmácia de São Paulo formalizou uma denúncia contra o medicamento que não possui registro e tem a suspeita de conter corticóides além de outros anti-inflamatórios. 

Referências: 

Medicamento e jejum: tem que ser sempre assim?

“Quanto ao medicamento PYLORIPAC, devo tomar os três comprimidos em jejum, pois os médicos orientam tomar lanzoprazol em jejum, já os antibióticos não devem ser tomados em jejum. Então, qual a melhor forma para se tomar este medicamento? Seria melhor tomar o lanzoprazol em jejum, aguardar um tempo pra ele fazer efeito e tomar os antibióticos logo após? Ou devem ser tomados todos em jejum?”

Diante do início de um novo tratamento farmacológico, são comuns as dúvidas: Devo tomar esse medicamento em jejum ou não? Por que o jejum é importante? Cuido de um idoso que não consegue engolir o comprimido, posso colocar o comprimido no pudim, na vitamina, na sopa, no mingau? Posso abrir a cápsula e “despejar o pozinho” no suco ou café? 


O Pyloripac® (produzido pela Medley S/A Ind. Farmacêutica)
 é um medicamento que associa três princípios ativos: cápsulas de lansoprazol (para reduzir a produção de ácido pelo estômago), comprimidos revestidos de claritromicina e cápsulas de amoxicilina (dois antibióticos de mecanismos de ação diferentes). Essa associação é utilizada para tratar casos recorrentes de úlceras (feridas) no estômago ou duodeno (a porção inicial do intestino delgado) causadas pela presença da bactéria Helicobacter pylori. . Além disso, estima-se metade da população mundial seja H. pylori positiva (ou seja, são infectadas pela bactéria) e 16% desse grupo desenvolva úlceras e 1% desenvolva câncer. 

Primeiramente, é preciso entender um pouco mais sobre as úlceras gástricas e duodenais: são feridas nas paredes do estômago ou duodeno, respectivamente. Isso ocorre porque a H. pylori é capaz de produzir diversas substâncias que degradam o muco que protege a parede desses órgãos. As células ficam, então, expostas ao ácido produzido no estômago e sofrem lesões. O resultado disso? Dores estomacais, náuseas, vômitos, sensação de queimação e outros sinais e sintomas. Se não tratadas corretamente, pode haver hemorragias digestivas e outras complicações.


O principal tratamento é a erradicação da bactéria em questão e aí é que entram os princípios ativos:
O LANZOPRAZOL é um inibidor da bomba de prótons (a enzima H+ K+ ATPase). Essa enzima atua na fase final da síntese de ácido clorídrico (HCl) no estômago. Assim, o lanzoprazol inibe a produção de ácido pelo estômago. Como esse princípio ativo perde sua ação se entrar em contato direto com ácido presente no estômago, ele recebe um tipo especial de revestimento para que o comprimido ou grânulos do interior das cápsulas só liberem o lanzoprazol no intestino (que não é mais ácido). Quando ingerido juntamente com alimentos, não atinge a concentração sanguínea necessária e o medicamento pode reduzir muito seu efeito. Portanto, o ideal é tomá-lo em jejum. Além do jejum, deve-se ter outros cuidados:
evitar o consumo de bebidas alcoólicas durante o tratamento com lanzoprazol, pois o álcool pode irritar a mucosa (a parede) do estômago;
não mastigar, esmagar ou partir o comprimido e grânulos das cápsulas, pois estes perderão o revestimento especial, o princípio ativo será exposto à acidez estomacal e será inativado (perderá seu efeito).
Ingerir, preferencialmente, pela manhã: pois assim, o máximo efeito do medicamento irá coincidir com o máximo de produção de ácido pelo estômago.

A AMOXICILINA é um antibiótico da classe das penicilinas e atua inibindo a síntese da parede celular das bactérias sensíveis. Com a parede celular “enfraquecida”, a célula bacteriana sofre um desequilíbrio nos seus componentes internos e morre. É capaz de penetrar em vários órgãos e fluidos do corpo humano e é muito eficaz no tratamento de infecções por H. pylori (raros casos de resistência).
Após a ingestão de uma cápsula, a amoxicilina é rápida e quase completamente absorvida pelo organismo (chega ao sangue), o alimento não interfere na absorção da amoxicilina e em 1-2 horas, já se atinge máximo de concentração no sangue. Portanto, pode ou não ser ingerida em jejum.

A CLARITROMICINA é, também, um antibiótico, mas de uma classe diferente: os macrolídeos. Atua inibindo a síntese de proteínas essenciais à vida da célula bacteriana. Assim como a amoxicilina, também, se distribui bem em vários órgãos e fluidos corporais. É bem absorvida, porém, na presença de alimento, essa absorção pode ser mais lenta, ou seja, o medicamento vai demorar mais a chegar no sangue. Assim, o ideal é ingerir em jejum.

Quanto à dúvida do leitor, você pode, sim, tomar os três comprimidos em jejum, seguindo as recomendações do seu médico. Lembrando que, considera-se jejum: tomar o medicamento 1 hora antes ou 2 horas depois das refeições.

Como orientação geral, sugere-se ingerir os medicamentos com água e em jejum, a não ser que seja uma recomendação médica ingeri-los após as refeições. Não misture medicamentos aos alimentos ou beba com leite, café, vitamina, pelo risco de interferência (ou interação) do medicamento com os alimentos, podendo reduzir tanto a eficácia do medicamento, quanto o valor nutricional do alimento (como no caso do cálcio do leite - Leia o post "Medicamentos vs leite"). Caso o paciente tenha dificuldades de engolir comprimidos e cápsulas, converse com seu médico e busquem alternativas seguras, mas que não irão comprometer o efeito do medicamento. 


Siga as orientações de seu médico. Sempre que necessário, consulte seu farmacêutico e leia a bula do medicamento.


Referências

Link